A sua voz também importa
Profissionais de saúde precisam ocupar as redes sociais com propósito
Não era esse o caminho que eu imaginei trilhar. Como médica, fui formada para cuidar, estudar, escutar, diagnosticar, prescrever. Nada no meu currículo original previa o Instagram. Nem a câmera. Nem os textos semanais. Nem o alcance da minha voz.
Mas aconteceu. Aos poucos, as redes sociais foram se tornando um espaço não apenas possível, mas necessário. Hoje, estar nas redes é uma forma de cuidar. De educar. De ampliar o acesso à informação em saúde.
Na última newsletter, falei sobre o meu ikigai. Hoje quero falar de um dos canais por onde ele se manifesta: a internet.
A potência de estar presente nas redes
A principal rede social do momento, o Instagram, alcançou a marca de 2 bilhões de usuários ativos no mundo. No Brasil, são mais de 113 milhões de pessoas usando a plataforma todos os meses. Talvez você pense "não é para mim" - mas a maioria de nós já está lá, consumindo conteúdo.
Estar nas redes é, hoje, uma forma estratégica de construir autoridade, confiança e comunidade. É também uma forma de combater desinformação, mostrar outras narrativas, defender princípios que você acredita.
Não se trata de se render à lógica dos algoritmos ou de virar refém do celular. É sobre se posicionar com propósito e ética. Há uma chance de se aproximar do debate público em seu tema de interesse – e de, assim, gerar impacto. E isso, sim, é parte do nosso papel como profissionais de saúde.
Você não precisa viralizar, dançar ou apontar para o alto. Mas pode – e deve – refletir sobre como quer ser percebido. Quem quer alcançar. Que tipo de diálogo quer promover.
E não é só Instagram. Há profissionais brilhantes no LinkedIn, com conteúdo técnico e relevante mais focado no mercado profissional. Há podcasts sobre variados temas em saúde. Newsletters incríveis como esta para quem não gosta dos vídeos curtos e prefere ler um conteúdo mais denso, sem depender dos algoritmos. Há profissionais de saúde de todas as áreas no YouTube - a rede mais perene de todas - explicando com clareza o que tantos tentam esconder. Cada um encontra sua voz, seu formato, seu espaço.
A presença dos profissionais de saúde na rede é uma realidade que eu comemoro e desejo ver crescer.
Ainda vale a pena começar?
Essa pergunta tem chegado com frequência até mim. “Com tanta gente já falando de saúde na internet, ainda vale a pena começar agora?”
E minha resposta é: vale. Muito.
O número de profissionais da saúde criando conteúdo aumentou, sim. Mas o número de pessoas buscando informação de qualidade sobre saúde também. E mais do que seguidores, o que importa é alcance, consistência e relevância.
Você pode ter mil seguidores e fazer uma diferença enorme. Pode ter vinte mil e ainda assim não se conectar com quem realmente importa. O que constrói autoridade não é o volume – é o impacto que sua mensagem gera.
Lembre dos números: 2 bilhões de usuários ativos. 113 milhões no Brasil. Isso quer dizer que o seu paciente, o seu colega de profissão, o gestor da sua instituição, a pessoa que vai contratar ou indicar você... estão lá. Isso só no Instagram.
Então sim, ainda vale – é inclusive um espaço em crescimento. Se você sente que tem algo a dizer, a presença no digital pode fazer muito sentido para você. O mundo merece te ouvir.
E aí vem a pergunta seguinte: por onde começar? Escolha a rede com a qual você mais se identifica e comece do jeito que for possível. Comece – e se comprometa. Não precisa de grandes edições ou produções impecáveis: o que importa é a constância.
Iniciei esta newsletter em 21 de julho de 2024. Hoje, ela conta com cerca de 2.500 assinantes e é lida, semanalmente, por mais de 1.500 pessoas. Já as Pílulas Paliativas, minha segunda newsletter, seguem o mesmo caminho: começaram em janeiro deste ano e já superaram 1.000 inscritos.
Estar nas redes com ética exige consciência, estudo e intencionalidade. Ao longo dos últimos anos, diversos colegas me procuraram pedindo apoio para seu posicionamento - em meio às atividades em Cuidados Paliativos, prestei consultorias sobre redes sociais e, em janeiro de 2024, mais de 50 profissionais participaram do Workshop Paliativo: O Profissional de Saúde no Instagram. Muitos chegaram tímidos, inseguros, sem saber o que postar. Hoje, compartilham conteúdo com consistência e verdade.
A internet é território fértil, mas precisa ser cultivado com estratégia. E, mais importante: com valores.
O seu conteúdo pode ser tão transformador quanto o seu cuidado. E eu estou aqui para te ajudar a construir esse caminho.
dica da especialista 🤌🏻
Você já tem o e-pali ou costuma ler minhas pílulas paliativas? Então já sabe que essa é uma seção especial: aqui compartilho insights a partir da minha visão e experiência profissional.
💡 Você já tem o que precisa: repertório, sensibilidade, histórias reais. O que falta é estrutura para comunicar isso com clareza. Nas redes sociais, conteúdo relevante nasce de um olhar treinado. E quanto mais você estuda, observa e escuta, mais percebe que as histórias estão por toda parte. Criar não é dom. É prática. Comece com o que você sabe. Com o que vive todos os dias. Com o que gostaria que mais pessoas soubessem. Com o que ninguém teve coragem de dizer ainda.
garimpo da cecy 💎
A Cecy é uma avatar paliativa inspirada em Cicely Saunders. Ela está nos e-palis, fala com você no direct do Instagram e aqui traz toda semana avisos e indicações para você ir além.
🎥 O Workshop Paliativo: O Profissional de Saúde nas Redes Sociais está de volta, agora ampliado para outras redes além do Instagram! Um encontro direto, prático e inspirador, com tudo que aprendi nos últimos anos sobre posicionamento, criação de conteúdo e presença digital com propósito.
Dia 14/04, às 19h, ao vivo, com gravação por 30 dias.
💬 Para mais informações, fale com Maria no WhatsApp.
📚 O Artigo do Medscape (em inglês): "What's Right and Wrong for Doctors on Social Media" discute as práticas adequadas e inadequadas dos médicos nas redes sociais, abordando questões éticas e profissionais relacionadas à presença online dos profissionais de saúde.
👉🏻 Clique para ler
Até próximo domingo,
Fernanda